Tortuosamente ela vai retirando as cascas avermelhadas
que sobraram da devastação do incendio interno
Incendio este que deflagrou do mindinho da mão esquerda
até o calcanhar rachado do pé direito.
Total desordenação .
Tortuosamente ela vai tirando seu fios de cabelos brancos
causado pela expressão de culpa, de querer ter o que
não lhe é concedido - as mãos dadas no Central Park -
Tortuosamente ela vai jogando fora lingeries compradas
por ansiedade , batons vermelhos e sombras azuis
A janela leva toda a vaidade que outrora entrara pela porta
cheia de expectativa .
O chá já está gelado . O chão está gelado . Onde está o coração ? Dele.
Tortuosamente
Erroneamente
Intrisecamente
Pertinentemente
Se vai de encontro ao espelho ;
irremediavelmente se encontra com seus olhos amarelos queimados de sangue e resquício de
volúpia não entregue .
Seus seios murchos, mãos trêmulas já não se comunicam .
Restou com ela a chaga da ferida , a chaga da devastação
de não se ter o que se quer - ajeitar a gravata no pescoço dele -
De suas pernas sem a cor do sol restaram pêlos insistentes que renasceram ali e acolá
a vaidade fora embora com a chama interna , com o óleo de ódio quente dissolvido em seu corpo .
O vestido florido manchado de encardido ainda se assenta na poltrona veludo de azul empoeirado .
Há um ano .
Docemente ela o veste . Velozmente as flores se agarram em suas entranhas .
Um raio de luz se emerge de sua maçã esquerda . A respiração torna - se ouvida .
Há três dentes a mostra no canto da boca .
O ódio quente passa a ser esperança úmida , a verdade ressurge -
nenhuma decepção amorosa dura pra sempre .
Os batons e as sombras não serão as mesmas cores
e tão pouco o amor será o mesmo . Talvez sim . Mas o vestido será azul anil .
O ciclo se torna outro , o corpo vive novamente ,
a alma continua ,
tortuosamente ,
amando .
Paint by pinterest
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ResponderExcluir='(
ResponderExcluirno fim sempre encontramos o amor linda. bjs
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