Busquei incessantemente palavras
que fugissem a ideia de ter saído de mim
mas sou uma criatura insuportável e pegajosa
que não desgrudo nem de mim
E isso é chato, horrendo
porque tudo o que queria neste exato momento
eu disse nesse exato momento
era não me pertencer
porque assim como todos nessa galáxia infame
tem dias que a gente não se suporta
e hoje eu me odeio
e odeio você
e odeio o mundo
e meus sonhos
a vida
e também os políticos
Eu quero botar a culpa no meu próprio cuspe
porque ele também me enoja
porque a minha saliva , criadas com as palavras que eu já cansei
de inventar pra mim
estão lá , nele ,
no cuspe
agora no chão .
Mas por razão desconhecida ou pura desgraça do destino
elas voltam
e me faz
acreditar nas minhas ridículas
convicções novamente
aquelas que nos fazem acordar todos os dias
e nos deitam como derrotados .
Eu quero me esgueirar pelas estradas
e despir de minha própria pele
impregnada com vontades nos poros ,
trocar de sangue pra não ser
nem positiva,
nem negativa,
nem rara
Não quero espelhos aos meu redor
quero poeira no resto de mim
até virar terra pura , muita terra
e depois lama
de bem, que já sou lama pura
Só preciso me secar com esse sol que não vem
ele nunca vem
É mentira quando diz que ele nos irradia
ele só gosta de mostrar que é mais poderoso que nós
e eu também to cansada disso .
Porque acordo querendo ser o sol
mas aí me deito e lambuzo a cama de lama
e o sol não aparece nem pra secá-la
Ele tá pouco se lixando
e eu também .
Cansei .
Cansei da chuva que só lembra tristeza
cansei da natureza
e da minha
triste
esdrúxula
pequenez
natureza
que só me faz teimosa
por querer tanto , tanto
Quem nos criou com tanto quereres assim ?
A gente anseia até por um quindim
ele fica lá rodando a nossa cabeça
amarelado , salivando a nossa boca
aquele cuspe maldito no chão .
Eu quero desaparecer
sem vestígios
sem deixar rastros no meu lençol
ser esquecida da mente daqueles que
azucrinam em aplicativos de mensagem
Me deixem, me deixem !
Me deixem deixar de mim!
Não me aguento, apaguem a luz !
Deixem a escuridão e o barulho me entorpecer !
Me deixem com o que já me acostumei
a criatura pegajosa que
sou eu !
Parem de falar de arco- íris , quero o stripes
do preto e branco
tatear com os dedos
o que me é famíliar .
Porque também tenho medo porra !
E não quero me suicidar como na carta de despedida
de Ana Cristina Cesar .
Eu sou quero ser o hamster ferido
Coberto de lama .
Ilustração Mostafa Akbari
que fugissem a ideia de ter saído de mim
mas sou uma criatura insuportável e pegajosa
que não desgrudo nem de mim
E isso é chato, horrendo
porque tudo o que queria neste exato momento
eu disse nesse exato momento
era não me pertencer
porque assim como todos nessa galáxia infame
tem dias que a gente não se suporta
e hoje eu me odeio
e odeio você
e odeio o mundo
e meus sonhos
a vida
e também os políticos
Eu quero botar a culpa no meu próprio cuspe
porque ele também me enoja
porque a minha saliva , criadas com as palavras que eu já cansei
de inventar pra mim
estão lá , nele ,
no cuspe
agora no chão .
Mas por razão desconhecida ou pura desgraça do destino
elas voltam
e me faz
convicções novamente
aquelas que nos fazem acordar todos os dias
e nos deitam como derrotados .
Eu quero me esgueirar pelas estradas
e despir de minha própria pele
impregnada com vontades nos poros ,
trocar de sangue pra não ser
nem positiva,
nem negativa,
nem rara
Não quero espelhos aos meu redor
quero poeira no resto de mim
até virar terra pura , muita terra
e depois lama
de bem, que já sou lama pura
Só preciso me secar com esse sol que não vem
ele nunca vem
É mentira quando diz que ele nos irradia
ele só gosta de mostrar que é mais poderoso que nós
e eu também to cansada disso .
Porque acordo querendo ser o sol
mas aí me deito e lambuzo a cama de lama
e o sol não aparece nem pra secá-la
Ele tá pouco se lixando
e eu também .
Cansei .
Cansei da chuva que só lembra tristeza
cansei da natureza
e da minha
triste
esdrúxula
pequenez
natureza
que só me faz teimosa
por querer tanto , tanto
Quem nos criou com tanto quereres assim ?
A gente anseia até por um quindim
ele fica lá rodando a nossa cabeça
amarelado , salivando a nossa boca
aquele cuspe maldito no chão .
Eu quero desaparecer
sem vestígios
sem deixar rastros no meu lençol
ser esquecida da mente daqueles que
azucrinam em aplicativos de mensagem
Me deixem, me deixem !
Me deixem deixar de mim!
Não me aguento, apaguem a luz !
Deixem a escuridão e o barulho me entorpecer !
Me deixem com o que já me acostumei
a criatura pegajosa que
sou eu !
Parem de falar de arco- íris , quero o stripes
do preto e branco
tatear com os dedos
o que me é famíliar .
Porque também tenho medo porra !
E não quero me suicidar como na carta de despedida
de Ana Cristina Cesar .
Eu sou quero ser o hamster ferido
Coberto de lama .
Ilustração Mostafa Akbari
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